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JOÃO , FILHO DE LAVRADORES E QUILOMBOLA SE FORMA MÉDICO

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Filho de lavradores e quilombola,

João será médico do seu povoado

 

Quilombola, filho de lavradores, nascido e criado na roça… Médico

 

 

João Costa, de 24 anos, é uma verdadeira história de superação, pra inspirar! Quilombola, como se autointitula, ele acaba de concluir os estudos de medicina e será o novo médico do Povoado Sítio Alto, em Simão Dias, Sergipe.

Quilombola, filho de lavradores, nascido e criado na roça… Médico. João Costa é uma razão para acreditar que as adversidades são passageiras quando não falta empenho e dedicação para superá-las.

 

 

 

 

“Atualmente com 24 anos de idade, sou oriundo da cidade de Simão Dias-Sergipe, nascido e crescido no povoado Sítio Alto, uma comunidade autodeclarada quilombola, formada por descendentes de escravos e que desde sua criação foi assolada pela pobreza e por precárias condições de vida e moradia”, lembra.

Ele acaba de concluir a faculdade de Medicina e será o novo médico do Povoado Sítio Alto, em Simão Dias, no Sergipe. A formatura acontece no próximo dia 28 de agosto, na primeira turma de Medicina do campus de Lagarto da Universidade Federal do Sergipe (UFS), informou o site Lagartense.

“Negro, quilombola, filho de lavradores, nascido e criado na roça, filho do meio e integrante de uma família humilde composta por 11 irmãos e rodeada pela pobreza, chego ao fim de uma enorme batalha!”, declarou João.

Desde muito novo, ele sabia que a única forma de melhorar a condição de vida dele e de sua família era através dos estudos. João provou que é possível realizar sonhos que não cabem no “paradigma que era comum onde eu morava (trabalhar na roça para prover o sustento) e me aventurar no mundo da educação e do conhecimento”.

 

Estudar..

 

 

Mas o menino não aceitou aquilo como seu destino e decidiu estudar.

“Desde criança já sabia que para poder melhorar a minha condição social e a da minha família teria que sair do paradigma que era comum onde eu morava (trabalhar na roça para prover o sustento) e me aventurar no mundo da educação e do conhecimento”

Filho de pais analfabetos, ele teve uma infância difícil, pois faltavam itens básicos, como roupas e alimentos. Entrar para uma universidade federal, então, era quase uma utopia. No melhor dos cenários, ele chegaria ao ensino médio.

“Chegar na faculdade então? Uma utopia. Morava em uma comunidade em que poucos haviam chegado ao ensino médio, quiçá chegar à Universidade Federal’, diz.

João dividia seu tempo entre o trabalho na lavoura e os estudos. Com as notas boas que tirava na escola, o sonho de proporcionar uma vida melhor à família ganhava força.

“Me destacava cada vez mais na escola, porque sabia que a única opção para uma ascensão social e financeira era por meio dos estudos”, lembra ele.

 

Escola Pública

 

 

Aluno de escola pública, ele ele agradece aos professores “que além de compartilharem seus conhecimentos científicos e materiais didáticos, compartilharam lições de cidadania, comportamento e empatia, e não menos importante, me prepararam para vida! Sem o apoio de cada um de vocês eu não poderia ter alçado meu voo e não teria chegado onde cheguei!

Aprovado com louvor no ensino fundamental e no médio, ele conseguiu o primeiro emprego no último ano do ensino médio.

Foi trabalhar durante meio turno na Promotoria de Justiça de Simão Dias, “um estágio remunerado conseguido por méritos e fruto do meu desempenho acadêmico na escola estadual Dr. Milton Dortas, lugar onde eu estudava na ocasião”.

O sonho dele era entrar na universidade, mas teve que lutar contra a inveja e o preconceito.

Aprovado com louvor no ensino fundamental e médio, ele conseguiu o primeiro emprego no 3º ano do ensino médio – antes ele só tinha trabalhado com pais na roça. Era um trabalho de meio período na Promotoria de Justiça de Simão Dias.

Mas, João não queria parar por ali. O sonho dele era entrar na universidade, e para isso teve que lutar contra a inveja e o preconceito.

 

Preconceito

 

 

“Muitas vezes me questionava se seria possível, se eu era capaz. Recebi muitos comentários desencorajadores, de pessoas próximas inclusive, pelo fato de ser uma pessoa pobre, vindo da roça, negro e proveniente de escola pública. Conseguir cursar medicina? Muitos consideraram improvável! Mas Deus e o destino foram maravilhosos comigo”.

João conta que surgiram pessoas que o apoiaram, o incentivaram e “instigaram a provar para mim e para os incrédulos que eu conseguiria, e eu consegui!”, comemora.

Aos 17 anos ele passou em terceiro lugar, no curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe, campus de Lagarto, “curso que estou terminando com louvor e colhendo os frutos da minha dedicação e empenho.”

Foram 6 longos anos de estudo, com dificuldades “já que o sustento [da família] ainda é provido pelo trabalho na roça e por benefícios sociais de distribuição de renda.

Nesse período, o estudante recebeu o benefício do programa de residência universitária disponibilizado pela UFS e uma bolsa permanência disponibilizada pelo MEC.

““Tenho orgulho de dizer que, graças aos meus esforços e ao apoio de pessoas maravilhosas, o negro saiu da ‘senzala’. O pobre saiu da roça e o aluno de escola pública está se formando em medicina em uma Universidade Federal. Muito obrigado a todos que fizeram parte deste caminho até aqui, sem vocês, eu não conseguiria” –

 

 

Às vésperas da colação de grau, o novo médico de Sítio Alto tem um conselho para dar:

“No pouco que vivi aprendi que quando as dificuldades baterem na sua porta deixe-as entrar! Nada melhor que os desafios para instigar a evolução humana. Acredito que se eu não tivesse tantas dificuldades não estaria me graduando em Medicina, curso ainda elitizado e estereotipado em nossa sociedade.”

Essa é uma história realmente inspiradora, que nos faz refletir sobre o valor que damos às nossas dificuldades, e que está em nossas mãos torná-las um impedimento ou apenas mais um obstáculo, que tornará nossa vitória ainda mais bonita!

Esperamos que se lembre desse exemplo sempre que precisar de um reforço positivo em sua vida!

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